O projeto reuniu uma longa série de eventos de arte em telecomunicações e uma de suas fases aconteceu durante a 21ª Bienal de São Paulo. Organizado e produzido pelo performer multimídia Artur Matuck, que naquele ano era artista visitante no Studio for Creative Inquiry, na Carnegie Mellon University (EUA), intencionava viabilizar uma conexão mundial de linguagem e arte por intermédio das mídias então existentes. Em uma época ainda sem o cotidiano da internet, tratava-se de uma nova forma de interconectar as pessoas.

No final dos anos 1980 e início da década de 1990 havia surgido uma multiplicidade de ações que usavam a transferência remota de documentos pela linha telefônica como expressão artística. O diretor Ricardo Karman foi convidado por Matuck para executar intervenções artísticas via fac-símile. A experiência incluiu três países (Estados Unidos, Dinamarca e Japão) e a difusão de imagens pelos recentes aparelhos de fax se deu pela antiga bitnet, espécie de avó da internet atual.

Uma sequência de trocas simultâneas à distância fornecia o exercício de fluxos e refluxos de códigos, protocolos, atitudes e informações. A rede atuava como um instrumento para a produção simbólica coletiva, que refletia a voz das comunidades participantes conectadas nos mesmos veículos de telecomunicações. Descentralizada, a proposta era justamente promover a coexistência em um espaço virtual e realizar atividades compartilhadas por meio de computador, videofone, slow-scan e fax.

Por esta última tecnologia, por exemplo, iam e chegavam conteúdos como poemas, questões relacionadas à ciência e arte. Da Dinamarca veio um vestido de noiva decomposto em diversas folhas e a peça foi montada para vestir uma performer. Em sua interferência, Karman utilizou um videofone para transmitir cenas e textos. Como existia delay no processamento e envio dos dados, gerando atrasos de segundos, diferentes expressões faciais do encenador eram captadas e encaminhadas, o que produzia um efeito curioso para quem as recebia.